Replay*
Píramo e Tisbe
Era uma vez um rapaz e uma moça que moravam vizinhos - mas vizinhos mesmo, numa dessas casinhas geminadas da Cohab de parede-e-meia, como a gente diz, um de um lado e a outra do outro lado da parede. Ocorre que naquela época em que as casas foram construídas o governo economizou no material básico e a construção começou a apresentar umas infiltrações, barrigas de jacaré e logo uma rachadura fendeu a parede que separava os quartos de Píramo e Tisbe que, apesar de terem os pais simplesinhos, tiveram a grata sorte de não serem batizados com nenhum nome esdrúxulo de personagem de novela ou coisa parecida. Na verdade nem batizados foram, pois eram pagãos.
A parede rachou, eu já disse? Não o suficiente para que se vissem, porém o bastante para que se ouvissem. E de se ouvirem se apaixonaram e quiseram sair pra curtir as baladas babilônicas. Os pais de ambos não acharam a menor graça na história e proibiram visitinhas, conversê de corredor, namorar no portão e tudo o que demandasse ficar junto. Claro que ninguém foi besta de contar da rachadura; durante a noite os jovens trocavam juras de amor eterno [ah, essa juventude - deixa crescer pra ver o que é bom] e combinaram uma fuga para a primeira noite de lua nova. Marcaram o ponto de encontro com cuidado: uma amoreira carregada de... amoras. Poisé. Faz sentido, não? Amor, amoras.
Naquela época também [isso faz tempo pra dedéu] as amoras não eram vermelhas como as de hoje, eram brancas, e isso facilitaria bastante para eles acharem o ponto de encontro no meio daquela escuridão toda, caso contrário não haveria encontro e baubau fuga romântica. A moça saiu primeiro e sentou-se sob a amoreira cantarolando "tou esperando na janela, ai ai" - embora janela ali não houvesse. Uma leoa - ou um leão, ninguém parou pra perguntar pra que time o bicho torcia - que havia acabado de caçar e comer um coelho aproximou-se dela, provavelmente pensando que fosse um forró. Apavorada [e quem há de recriminar?], a moça desembestou a correr floresta adentro niquiqui o véu que usava ficou esquecido debaixo da amoreira. A leoa pulou sobre o véu, mordeu, puxou, passou o focinho por baixo [leões não passam de gatinhos grandes], cansou e deitou.
Logo o rapaz chegou - e ao ver uma leoa deitada, com o véu ensangüentado de sua amada entre os dentes, creu que ali estavam os restos mortais daquela a quem ele levara a este fim. Em desespero ergueu sua espada [a dele] e enfiou no próprio peito, cometendo um auto-suicídio [esse povo era chegado num dramalhão mexicano, hein?]. Neste ínterim a moça volta cautelosamente de sua corrida pela floresta. Depara-se com a cena de seu amado agonizante ao lado da leoa com seu [dela] véu rasgado e ensagüentado e tudo compreende [senquisgóde, eu detestaria ter que explicar de novo]. Toma da espada de Píramo [ui] e auto-suicida-se também.
Os deuses, que a tudo viram [e nada fizeram para impedir, lerdos], se apiedaram e em honra dos dois amantes tornaram vermelhos os frutos da amoreira. Vou pensar nisso enquanto saboreio minha tortinha com geléia de amora.
;o)
E o polvo todo achando que Shakespeare era original.
;o)
Curry Rice 
Para combinar com o leiaute rosinha [nhé]: o formato do seu batom diz muito sobre a sua personalidade.
Se aparecer essa borboleta colorida, a pessoa está on line. Se ela não aparece on line no seu MSN, você está no bloqueio dela. Ela não quer mais papo com você.
Se aparecer essa borboleta cinza, o(a) fulano(a) está mesmo off line.






