quarta-feira, maio 11, 2005

Experiências Oníricas Esdrúxulas

Estou na granja do meu avô e é noite. De alguma maneira eu sei que ali estão as ruínas secretas de um castelo militar muito importante, construído por um general que decidiu os rumos da Guerra - qual Guerra não sei dizer, mas é alemão, então provavelmente seja a Segunda Guerra Mundial.

Desço até o que antigamente era o paiol de ração; contorno o lugar pela frente, olhando para dentro através dos vidros sujos. Há alguém me seguindo - quando olho para trás são pessoas numa festa ou luau. Há fogueiras por todo lado. Meu objetivo, no entanto, é o castelo que ninguém mais sabe que existe. Continuo a contornar o paiol, com um pouco de medo ao passar pelo lado oposto de onde estão as fogueiras por causa da escuridão. Ao subir vejo um casal de atores famosos descendo em minha direção junto com o Faustão, se preparando para julgar um molho de macarrão com queijo. Não os conheço, mas devem ser famosos - e eu sei que o ator conhece a história do castelo. Seus olhos me dizem isso enquanto passo por eles sem uma palavra.

Continuo a subir em direção ao morro coberto de uma grama muito alta, de folhas muito finas e muito verdes que refletem o brilho das chamas das fogueiras. Epa, não é a grama... são os vidros das janelas do castelo. Eu achei. Subo aos pulos, agarrando punhados de grama a cada vez para manter o equilíbrio e agora com o homem ao meu lado. Ele está contando a história do seu avô mas não pela boca. Eu vejo, ouço e sinto as lembranças dele como se fossem as minhas. Eu confio nele, ele confia em mim. Nunca nos vimos antes mas temos um segredo juntos. Ele também estava ali só pelo castelo, todo o resto era um disfarce. Pulamos até onde um vidro quebrado nos permite entrar.

Estamos no alto de um salão de baile com pelo menos 30 metros de pé direito. Tudo ali é madeira escura e cristal - e limpo. Uma balaustrada contorna uma espécie de varanda interna por todo o salão a 20 metros acima do chão, e era lá que estávamos. À nossa frente projetava-se um balcão com a base de madeira escura polida avermelhada, sustentada pelo teto por colunas trabalhadas em cristal. Sobre o balcão havia uma estátua de corpo inteiro do general, lapidado no mesmo cristal das colunas. Na mão estendida, uma grande lágrima facetada como um diamante. Tudo aquilo esteve oculto durante anos e só nós dois sabíamos da existência do castelo, de que aquele lugar fez parte de uma rota militar ultra-secreta e crucial na Guerra. E estávamos ali.

Pareceu apropriado, então, que o homem cantasse uma ópera. Tinha a voz forte e grave, embora não empostada. E foi aí que o desastre aconteceu: as vibrações fragilizaram as colunas e o balcão de cristal desmoronou. Olhei para baixo e uma sensação de horror surgiu quando vi o sangue fresco escorrendo sob os cacos até formar uma poça.

* Espero sinceramente que nenhum psico leia essas EOE.
** Uma parte da interpretação eu sei: ando lendo muito sobre os 60 anos do fim da II GM.