A História Sem Fim [
The Neverending Story, EUA e Alemanha/1984] é um dos filmes que marcou minha adolescência e, por consequência, um dos meus
TFF [
Top Favoritos Foréva]. No começo do ano comentei com outro fã que pensava em comprar o DVD; ele sugeriu aguardar um pouco porque sairia um
pack com os dois primeiros filmes da trilogia - como eu só tinha visto o primeiro me pareceu uma coisa lógica a fazer. Ei-lo.
Depois de 20 anos muita coisa muda; não no filme em si, claro, e sim do que a gente lembra, das referências que trazia na memória. Não me lembrava, por exemplo, que os efeitos especiais eram tão toscos, principamente se pensar nos efeitos dos filmes de fantasia mais recentes, mas a magia da história é tão grande que logo me esqueci desse detalhe - de novo. Bastian Bux é um garoto que recém-perdeu a mãe e tem um relacionamento distante com o pai. Os garotos da escola o perseguem, ele é pequeno e usa roupas grandes demais; o ator-mirim consegue transmitir a dose certa de fragilidade, solidão e doçura, sem cair no chororô fácil e caretas forçadas. Dá vontade de trazê-lo pra debaixo da asa.
Bastian descobre um livro no
sebo do Sr. Koreander com a tal da história sem fim: no reino de Fantasia, governado pela Imperatriz Criança, o mundo é ameaçado pelo Nada. O conceito do Nada me lembrou muito uma frase de J. M. Barrie em
Peter Pan quando ele diz que uma fada cai morta toda vez que alguém diz que não acredita nelas, só que não são palmas que salvarão o reino e suas criaturas [um gigantesco e educado monstro de rochas chamado
Come-Pedra, um anão montado num caracol de corrida, uma fauna fantástica. literalmente]. A Imperatriz Criança convoca o guerreiro Atreyu para procurar a cura para a sua doença, que está intimamente relacionada à aparição do Nada. Ele deve partir sem suas armas, portando apenas a
Auryn, uma espécie de salvo-conduto.
Enquanto acompanha a jornada de Atreyu pelo Pântano da Tristeza, onde ele encontra
Morla, uma tartaruga sábia alérgica à juventude, e de onde é salvo pelo fofíssimo dragão da sorte
Falkor, Bastian começa a desconfiar que aquela história também está intimamente relacionada à sua própria história. O ator-mirim que interpreta Atreyu está no mesmo nível do que interpreta Bastian: na dose certa, sem exagerar, do mesmo modo que a menina que interpreta a Imperatriz Criança, que além de tudo é uma menina linda. A música-tema interpretada por Limahl [do Kajagoogo] casa direitinho com o filme e foi usada numa campanha da Unicef pela alfabetização no ano passado. Diz-se que o alemão Michael Ende, autor do livro, não abalizou as adaptações por considerar que não eram fiéis ao original [curiosidade: os filmes
A História Sem Fim são do mesmo estúdio da série
Harry Potter, a Warner Bros.]; por sorte eu não li o livro
ainda, então posso continuar apaixonada pelo primeiro filme - e desconfio que continuarei mesmo depois de ler.
Já o segundo filme não entranhou da mesma forma - nem arranhou, pra dizer a verdade. Outro diretor, outros atores [exceto Sr. Koreander] - até o dragão da sorte parece menos fofo do que o do primeiro filme. Os atores-mirins são irritantes, parecem daqueles saídos de catação do tipo "pequenos brilhantes" que acham que interpretar é esbugalhar os olhos, falar gritando e chorar. Cheguei a torcer para que esse Bastian morresse logo pra acabar com a chateção. Eu sei que sou uma bruxa, graças a isso não sou obrigada a achar que criança é tudo bonitinha. E por falar em bruxa, a ameaça do segundo filme é o Vazio, representado por uma bruxa que batiza tudo com nomes que começam com X: carro, castelo, ela própria...
Parece que existe um terceiro filme; cá por mim fico só com o primeiro e, talvez, com o
livro. O que já tá de muito bom tamanho.
[No tópico relacionado dentro do Wikipedia há um link para fazer o download do livro digitalizado em português brasileiro.]