sexta-feira, outubro 19, 2007

Go, and catch a falling star

As pessoas dizem "vai lá assistir Stardust - O Mistério da Estrela, cê vai gostar!" e Titia Batata responde "eu vou, assim que sair em dvd!". Daí, enquanto isso pensei em ler o livro - nem tanto para comparar com o filme mas porque, bom, eu gosto de ler, num sabe? E eu gosto de Neil Gaiman, o autor.

Logo na introdução eu *tenho* que parar e comentar com alguém: o poema que inicia Stardust é o mesmo que serve de base para Howl's Moving Castle da Diana Wynne Jones!

Go, and catch a falling star,
Get with child a mandrake root,
Tell me where all past years are,
Or who cleft the Devil's foot,
Teach me to hear mermaids singing,
Or to keep off envy's stinging,
And find
What wind
Serves to advance an honest mind.
If thou be'st born to strange sights,
Things invisible to see,
Ride ten thousand days and nights,
Till age snow white hairs on thee;
Thou, when thou return'st, wilt tell me
All strange wonders that befell thee,
And swear
No where
Lives a woman true, and fair.
If thou find'st one, let me know,
Such a pilgrimage were sweet;
Yet do not, I would not go,
Though at next door we might meet:
Though she were true, when you met her,
And last, till you write your letter,
Yet she
Will be
False, ere I come, to two or three.

John Donne, o autor, é filho de uma sobrinha de Thomas More, que foi conselheiro de Henrique VIII, aquele que renegou o catolicismo e fundou a Igreja Anglicana para casar-se com Ana Bolena [ha! eu sabia que assistir The Tudors ainda ia servir pra alguma coisa!]. Thomas More e sua família continuaram professando a doutrina católica romana. Em sua fase adulta, seu sobrinho Donne tornou-se anticatólico sob o reinado de Elizabeth I [filha de Henrique VIII e Ana Bolena, e última da dinastia dos Tudors, conhecida como rainha virgem *cof*, portanto contemporâneo de Titio Shakespeare], depois sob Charles I e chegou a fazer parte da comitiva de Sir Walter Raleigh contra a Espanha.

Tou à caça de mais obras dele, caus que o perfil diz que era partidário das metáforas, coisa e tal [eu achei pessismista cínico, no pouco que li]. No Moving Castle a interpretação do poema parece literal à primeira vista [principalmente para Michael e Sophie], mas também é metafísica para Howl e Calcifer. Agora falta saber como ficou em Stardust.

* Encontrei esta tradução, sem indicação de fonte. Talvez seja do livro em português, eu não posso afirmar porque não li a edição brasileira. Em todo caso, agradeço quem puder me confirmar.

Agarra a estrela cadente,
mandrágora vê se emprenhas,
encontra o tempo fugente,
quem ao Diabo deu as manhas,
diz-me como ouvir sereias,
não sofrer de invejas feias
e que brisa
nos avisa
dos caminhos que alma pisa.

Se é teu destino buscar
que não há quem veja ou meça,
noite e dia hás-de trotar
té que a neve te embranqueça,
e ao voltar dirás que baste
maravilhas que passaste
e que não
viste então
uma mulher sem senão.

Se uma achaste verdadeira,
valeu-te a pena a cruzada.
Mas eu não caio na asneira
de tê-la por minha amada.
Honesta seria ainda
ao tempo da tua vinda.
Mas agora
já teve hora
de a dois ou três ser traidora.

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3 Comments:

Blogger Marcus said...

Ó:

http://abcnews.go.com/Entertainment/wireStory?id=3754341

Afff!

20 de outubro de 2007 às 16:04  
Blogger Marcus said...

O link saiu quebrado... aí vai outra tentativa:

http://tinyurl.com/2fhe6r

Ok, esse funcionou! Agora sim! Afff! :)

Também aguardo o lançamento do filme do Gaiman em DVD. Há boatos que ele vai fazer um sobre a morte, a irmã do Sandman, além do próprio Sandman também.

20 de outubro de 2007 às 16:11  
Blogger naomi . said...

marcus, eu adorei essa notícia! ainda mais quando ela diz que a série é "um argumento a favor da tolerância".

[tá saindo uma baciada de filmes do gaiman, né? além da morte e do sandman, parece que vai sair coraline também, que é mais infantil. tou à espera de todos.]
:oD

21 de outubro de 2007 às 02:16  

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