domingo, novembro 06, 2005

Cartas a um amado senhor [1]

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Amanhã escrevo mais, agora eu vou ali expulsar uma cigarra do meu quarto. Senão como é que vou dormir com essa cantoria? É cigarra mesmo e é enorme, eu moro no meio do mato e tem cigarra, grilo, louva-a-deus pra todo lado agora que esquentou. E deixei a janela aberta móde entrar um vento, mas junto com o vento veio essa cantadora que quase me deixa surda.

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Por aqui fiquei meio assim-assim ontem. Sabe a cigarra que tentei expulsar? No processo acabei matando a coitada, juro que foi sem querer. Foi uma hora e meia de luta, e acho que ela tava meio de picuá cheio [ou de birra mesmo, porque por duas vezes eu consegui espantar pela janela, e ela voltou!]. O duro foi aguentar depois a consciência pesada e a parentaiada da cigarra, que cantou a noite inteira debaixo da janela. Nhé.