terça-feira, agosto 09, 2005

Eu vi

Acho que acabo de assistir o filme que mais gostei do ano. Tá certo que é de 2002 mas eu moro em Pedra Lascada, então tá dentro do prazo de validade.

E, de qualquer forma, só foi lançado comercialmente nos EUA em 2004: Herói [Ying Xiong, China/2002], do diretor Zhang Yimou, o mesmo de Lanternas Vermelhas - um dos meus top favoritos de todos os tempos. Comprei numa banca de produtos genéricos [você, delegado da Polícia Federal que eventualmente lê este blogue, feche os olhos!] sem prestar muita atenção - não lembro de ter lido nenhuma resenha também, embora tenha concorrido ao Oscar de Filme Estrangeiro. Se fosse pelo ator principal Jet Li, uma espécie de Bruce Willis chinês [o cara tem mania de achar que vai salvar o país sozinho], teria passado batido, mas a capa trazia as palavras mágicas "Quentin Tarantino apresenta" em letras maiores que o próprio título. Quem resiste? Na pior das hipóteses perderia dérreau.

Ganhei um filme que gruda nos olhos, no ouvido, no cérebro e no coração. A plasticidade das cenas, o uso das cores como forma de expressão me deixaram quase sem piscar. A música - cordas e taiko - casa perfeitamente com as cenas e tira o fôlego. A história da unificação da China há dois mil anos, contada pelos assassinos do rei, sob mais de um ponto de vista fizeram Tibúrcio e Terêncio Noronha trabalharem hora extra hoje à noite. E, por fim, a história de amor foi o que me fez piscar móde tirar as lágrimas da frente. Nem o fato de ser dublado num inglês pior do que macarrônico [melhor diria "frangoxadrezônico"] diminuiu a fascinação.

Vendo o trailer, agora, dá a impressão de ser mais um flme de luta no estilo O Tigre e O Dragão. Nada mais falso. Tomando emprestada a minha frase favorita da Professora Trelawney: "you must look... beyond!" Enxergar além das lutas coreografadas de artes marciais e espadas; enxergar o drama que envolve honra [como não poderia deixar de ser num filme oriental], sacríficio, traição. Claro que pode ser visto também como uma metáfora política mas isso não é, de jeito nenhum, o que provoca essa sensação estranha que diz que esse é um filme para lembrar para sempre.

Só uma coisa me incomoda: por que não encontro os filmes de Zhang Yimou à venda nas lojas oficiais? Nem Lanternas vermelhas nem O sorgo vermelho nem Herói e nem um que também tou doida para ver, O clã das adagas voadoras. Depois não entendem porquê o mercado paralelo é tão forte.