Osenko

Meus avós paternos, aqueles com quem não tenho muito contato [minha avó me chama de "Marina", veja só], são budistas. Apesar de tudo, um pouco dos hábitos deles continuaram em casa até bem recentemente, como queimar osenkô [incenso] no hotokesan [altar doméstico] em memória de alguém, por exemplo. Durante um tempo, eu acendia um todo dia. O cheiro de um cômodo onde fica o hotokesan sempre me faz lembrar das casas das bachans [avós] até hoje.

Por que tou comentando isso? É que amanhã é obon [finados], e é costume queimar feixes de osenkô nos túmulos de japoneses que, além dos vasos para as flores, têm uma urna própria, com cinzas, para "espetar" o incenso lá [por isso que é desrespeitoso espetar hashis na comida: isso só é feito nas oferendas aos mortos]. E também não se apaga a chama do incenso com um sopro, mas com uma espécie de beliscão. Não queima, eu juro.