quarta-feira, novembro 21, 2007

O Natal de Agatha Christie

BBC: "[A Rainha Elizabeth 2ª] se casou com o príncipe Phillip aos 21 anos de idade, pouco depois da Segunda Guerra, em um período de escassez generalizada. [...] o casal recebeu 2,5 mil presentes de todo o mundo, incluindo 131 pares de meias-calças de nylon e 500 latas de abacaxi em conserva - produtos difíceis de encontrar na Inglaterra pós-Guerra."

Os livros de titia Agatha falam desse período com freqüência: casacos trocados por cupons de racionamento para comprar alimentos, contrabando de manteiga, risca preta no meio da perna para imitar a costura das meias, carvão para aquecimento racionado. Deve ter sido uma época bem difícil, e isso porque a Inglaterra ficou do lado "vencedor". Uma pessoa que viu a matéria da lista de presentes na tv achou engraçado, não se tocou do sacrifício que deve ter sido para conseguir essas coisas; eu, que tou na tpm, fiquei emocionada e quase me afoguei de chorar.

Os dois livros que li mais recentemente da autora, no entanto, falam de tempos melhores: tanto O Natal de Poirot quanto A Aventura do Pudim de Natal retratam o que a autora chama de "típico natal inglês no campo" no prefácio de Aventura, uma coletânea com cinco contos estrelados pelo detetive belga [não francês, Madame, belga!] Hercule Poirot e um conto com Miss Marple. Aventura [link com spoilers, leia por sua conta e risco] data de 1960, quando o mundo já cicatrizava bem as feridas de guerra, e o Natal [link com spoilers, etc., etc., etc.], romance também protagonizado por Poirot, é de 1939, quando a Guerra começou. Elizabeth tinha 13 anos em 1939 e foi com esta idade que conheceu o Príncipe Philip.

Voltando aos livros, ambos têm a marca registrada de titia Agatha: um grupo de pessoas isoladas num ambiente fechado nonde ocorreu um crime. Você *sabe* que o culpado é uma daquelas pessoas; o jogo é descobrir quem, como e porquê. Nesse ponto me identifico com outra personagem de Agatha Christie, a escritora Ariadne Oliver: vou chutando e mudando de idéia várias vezes no caminho. Se acontece de acertar, geralmente é por acaso! E, como tenho memória curta, posso ler de novo daqui a um tempo e errar outra vez.

Eu confesso que sou lombriguenta; se leio ou vejo a descrição de uma receita é certo que vou querer experimentar. Posso até não gostar, mas pelo menos *tenho* que provar primeiro. No entanto, isso não aconteceu com o tal pudim de natal inglês [link no Wikipedia]. Acho que prefiro o panetone de goiabada que acabei de detonar nesta madrugada. Nham.

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