sexta-feira, dezembro 12, 2003

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Por que o céu estava vermelho na tela "O Grito", de Munch?

WASHINGTON (Reuters) - Para quem já se perguntou por que o céu é vermelho forte na tela "O Grito", na qual o norueguês Edvard Munch expressou a angústia existencial moderna, os astrônomos agora têm uma resposta. A culpa teria sido de uma erupção vulcânica ocorrida do outro lado do mundo.

Na primeira análise detalhada daquilo que inspirou o quadro, um artigo publicado na terça-feira na Sky and Telescope identificou o local exato na Noruega onde Munch e seus amigos estavam caminhando quando o artista viu o céu vermelho-sangue retratado na tela de 1893. O artigo também ofereceu uma explicação do porquê de o céu parecer estar em chamas.

O professor de física e astronomia da Universidade Texas State Donald Olson e seus colegas determinaram que os detritos expelidos na atmosfera pela grande erupção do vulcão da ilha de Krakatoa, na moderna Indonésia, criaram crepúsculos de cor vermelho-vivo na Europa entre novembro de 1883 e fevereiro de 1884.

O jornal local da atual Oslo informou que o fenômeno foi amplamente testemunhado, disseram os astrônomos.

Olson e seus colegas sugerem que, quando precisou pintar o céu em sua tela, Munch tenha se inspirado nesses crepúsculos vulcânicos, e não em sua imaginação.

A versão mais famosa de "O Grito" foi pintada em 1893 como parte de "O Friso da Vida", um grupo de trabalhos derivados das experiências pessoais de Munch, incluindo as mortes de sua mãe, em 1868, e irmã, em 1877. Esses trabalhos foram criados na década de 1890, mas sabe-se que suas origens datam de décadas anteriores.

Para chegar à sua conclusão, os astrônomos determinaram o local exato de onde Munch pintou o quadro.

"Um dos momentos mais interessantes da viagem de pesquisa que fizemos a Oslo aconteceu quando passamos por uma curva no caminho e percebemos que estávamos no exato local onde Munch estivera 120 anos antes", recordou Olson em comunicado.

"Foi um momento de grande satisfação estar no lugar exato onde o artista viveu sua experiência", acrescentou ele.

"Mas a verdadeira importância de termos encontrado o lugar foi a determinação da direção da vista no quadro. Pudemos ver que Munch estava olhando para o sudoeste -- exatamente a direção em que os crepúsculos de Krakatoa apareceram no inverno de 1883-84."