segunda-feira, outubro 28, 2002

Providenciando os DVDs abaixo – exceto Curtindo a Vida Adoidado [que já tenho] e Dirty Dancing, que encomendei na pré-venda.

THE SIX DEGREES GAME


Um jogo que já esteve muito em moda é o Jogo dos Seis Degraus: consiste, grosso modo, em estabelecer uma conexão entre pessoas, no estilo "O. J. Simpson que conhece Steve McQueen que já trabalhou com Yul Brynner que é careca como Ronaldinho que tem os dentes da frente separados como a Zélia Cardoso de Melo que foi casada com o Chico Anysio".


Segundo o inventor da teoria, seis degraus são suficientes para relacionar qualquer pessoa com outra, por mais improvável que possa parecer. Uma variante hollywoodiana chamada O Oráculo de Bacon relaciona qualquer ator ou atriz ao astro norte-americano Kevin Bacon.


Como eu estou sem nada para fazer agora que as aulas começaram e por conseqüência menos gente liga pra mim, surgiu uma idéia besta: será que o jogo funciona com filmes de Sessão da Tarde? Ah, o que foi?, não me olha assim, todo mundo já ficou uma tarde na frente da TV por causa de uma baita gripe, no mínimo. Com uma pequena ajuda das agendas que escrevi na década de 80 e das células cinzentas sobreviventes saiu o resultado:


Blade Runner, o Caçador de Andróides. Ih, começou errado... Blade Runner ainda não passou na Sessão da Tarde. Que seja, foi o filme-ícone da época e vai começar por ele mesmo. Harrison Ford é o caçador do título num futuro não muito distante [adoro esse clichê!]. Existem duas versões do filme, a primeira editada pelos chefões do estúdio e a segunda, a que os cinéfilos aprovam, lançada outro dia atrás pelo próprio diretor. Mais inesquecível que o filme é a música-tema de Vangelis. Dos atores que me lembro: Sean Young, Daryl Hannah e Rutger Hauer, que também estava em


Ladyhawke, o Feitiço de Áquila. Do futuro para a Idade Média, de Detroit [?] para os vilarejos europeus. Rutger Hauer é o ex-chefe da guarda do Bispo de Áquila, ambos apaixonados por Isabeau [Michelle Pfeiffer]. Foi lançado em 1985 e quem assistiu confirma a teoria Inagaki/Claumanniana no segundo # 13 de que a Michelle Pfeiffer nunca muda. Voltando ao filme: o Bispo é não apenas um bispo, é também um poderoso feiticeiro. Quando Isabeau o rejeita para ficar com o Capitão Navarre [Hauer], o Bispo lança a maldição. Navarre será um lobo durante a noite e Isabeau um falcão durante o dia [por isso o título Ladyhawke, dããããa...]. Nas suas [deles] andanças eles conhecem um ladrãozinho, fugitivo da prisão de Áquila [equivalente medieval de Alcatraz] interpretado por Matthew Broderick, ator principal de



Ferris Bueler's Day Off, Curtindo a Vida Adoidado. De volta aos Estados Unidos contemporâneo. É deste filme a cena inspiradora da futura primeira reunião entre os colunistas setecentosquilometrais, ocasião em que invadiremos a Avenida Paulista ao som de Twist and Shout. O filme: Ferris é o cara adorado por todos. Isso é uma espécie de alvará para que todas as suas cacas tenham uma desculpa perfeita, inclusive matar aulas. E é o que ele faz, levando sua namorada e seu melhor amigo Cameron a viver a vida numa Ferrari. A cena final, já nos créditos, faz parte da coleção de cenas antológicas do filme com o bedel levando a pior, claro. Além do bedel, a única a não cair no charme de Ferris é sua irmã, interpretada por Jennifer Grey, de

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Dirty Dancing, Ritmo Quente. Ainda nos EUA, trinta anos antes. O filme marcou tanto a geração 80 que o pôster apareceu com destaque na primeira temporada de Barrados no Baile, quando a personagem Andrea Zuckermann precisou se mudar para o sofá da sala de sua avó. Para convencer a comissão que investigava se aquela garota morava mesmo com a velha senhora, as amigas penduraram o pôster do filme - não existe nada que dê um toque adolescente melhor do que isso! O filme: Jennifer Grey é a adolescente ativista numa colônia de férias com os pais e a irmã patricinha, onde Patrick Swayze e Cinthya Rhodes são instrutores de dança. O roteiro até abre algumas brechas para assuntos sérios como aborto, mas o espaço aqui é curto. A trilha sonora é um dos pontos fortes com músicas de Bill Medley, Ronettes e Fats Domino. Até Swayze solta a voz em 'She's Like The Wind'. Claro que, com tanta música, tudo é motivo para dançar, como em


Footlose, Ritmo Louco. Chegamos em Kevin Bacon. Numa cidade interiorana controlada pelo rígido pastor John Lithgow, pai da inacreditavelmente magra Kate Moss, digo, Lori Singer, Bacon e Diane Wiest comem o pão que o diabo amassou. Principalmente Bacon, que adora dançar e se vê de repente numa cidade em que qualquer manifestação de alegria é considerada pecado. Minha cena favorita: quando Bacon, defendendo a realização de uma festa, Bíblia na mão, enfrenta Lithgow com a Palavra. "E Davi, louvando ao Senhor, pegou de sua harpa e cantou e dançou". Ou coisa parecida. É o que o sensei de judô sempre diz: faça da força de seu oponente a sua maior arma, pequeno gafanhoto.


Acabou? Cinco degraus. Mas de jeito nenhum que vou deixar Ruas de Fogo de fora! Ok, para completar seis:


Streets of Fire, Ruas de Fogo - Uma fábula rock'n'roll. Outro caso em que a trilha sonora é mais lembrada do que o filme: o tema principal, 'Tonight is what it means to be young', tem versão até em japonês. Cantava-se muito em karaokê. Michael Paré é o ex-namorado da cantora empresariada/tendo um caso com Rick Moranis [é, tem gosto pra tudo...]. Quando ela é sequestrada por Willem Defoe, aquele que já foi Cristo, Moranis contrata Paré para resgatá-la a tempo para aparecer no show que a lançaria ao público. Tem muita pancadaria, carros e motos voando, ruas pegando fogo [achou que o título era gratuito, é?] e alguma história entre uma música e outra. Michael Paré era o tipo perfeito para o filme, já que ele estrelou todas as seqüências de "Eddie, o Ídolo Pop", mas isso é outro jogo...


* Originalmente publicado na revista eletrônica 700 km.