sexta-feira, maio 12, 2006

Big *Bad* Boys

Acabei por fazer uma sessão com 3 filmes TFF [pra quem não lembra: Top Favorito Foréva] com uma temática muito parecida [sem contar pôster/capa]. Em ordem cronológica:

O filme de estréia do diretor Quentin Tarantino Cães de aluguel, de 1992, começa matando já na escalação: não bastasse Harvey Keitel co-produzindo, inda traz Steve Buscemi, Tim Roth e Michael Madsen de bônus. O orçamento foi de [na época] 900 mil dolares e o resultado é um filme de gângster totalmente fresco - no sentido de renovação do gênero. Os elementos que depois se tornariam parte da mitologia de Tarantino estão lá: a narrativa não-linear, os diálogos frenéticos, a cultura pop e a trilha sonora matadora com hits dos anos 70. E o sangue, litros e litros de sangue - como bem notou Tim Roth nos extras do dvd, muito mais do que um corpo humano tem de verdade. Essa edição de colecionador, aliás, traz extras decentes [é o único dos três]; o que eu mais gostei foram as entrevistas, concedidas em 2002, em locações insólitas. Chris Penn, por exemplo, foi entrevistado no baú de um caminhão. As cenas cortadas também estão OK, mas confesso que não tive coragem de olhar para as duas versões mais cruas da cena da orelha. Mr. Blonde comanda o batatal e deixei a música dele na Ouvateca.

Ni Os suspeitos, de 1995, os personagens principais também são gângsters, corre muito menos sangue e a trama chega quase a ser um "quem é o culpado?", caus que a grande questão é a figura do misterioso Keyser Soze, o mandador dos crimes. De novo o que segura o filme são os atores [Kevin Spacey, Chazz Palminteri e Gabriel Byrne principalmente] - mesmo Stephen Baldwin não consegue fazer grandes estragos, embora cause um pouco de estranheza o Pete Postlethwaite [o zelador freak de Água Negra do Walter Salles] no papel dum japonês e as sobrancelhas depiladas do Benicio del Toro. DVD fraco de extras; compensa porque, depois que descobrimos a verdade, dá vontade de rever pra pegar as pistas perdidas. Não chega a ser o filme de estréia do diretor Bryan Singer, mas como ele tem pouquíssimos filmes no currículo [os dois primeiros X-Men e Superman returns inclusive] é quase como se fosse.

O terceiro da sessão é o vencedor, disparado, do título mais bizarro: Brother - A máfia japonesa "Yakuza" em Los Angeles [2000] do japonês Takeshi Kitano [cê sabe, de Zatoichi]. O título toscolino pode até enganar, mas é um filme que segura a gente na cadeira sem cochilar apesar do ritmo beeeem mais lento do que Cães de aluguel. Os diálogos são um pouco mais complicados também, principalmente porque alguns transcorrem sem palavras - aquela coisa oriental de se comunicar com gestos e olhares, mesmo um dos tais orientais, no caso, sendo o ator Omar Epps; segundo uma das falas de Kitano [no roteiro ou nas entrevistas, não me lembro] o personagem Danny foi o único que compreendeu plenamente a filosofia Yakuza. DVD pelado de extras, ao contrário de Zatoichi; trilha sonora de Joe Hisashi, parceiro habitual do animador Hayao Miyazaki [Chihiro].

Ficaram de fora da lista os dois filmes do diretor britânico Guy Ritchie [vamos combinar que Destino inóspito não conta] Snatch - Porcos e diamantes [também com Benício del Toro mas desta vez com as sobrancelhas normais] e Jogos, trapaças e dois canos fumegantes, caus que estão esgotados há décadas e não acho em lugar nenhum. Ritchie e Singer têm em comum o currículo curto [praticamente filmaram nos mesmos anos]; em comum com Tarantino o gosto musical - até a trilha sonora de ambos os filmes de Ritchie seguem o padrão da trilha de Cães...: uma música, um trecho de diálogo do filme, outra música, outro diálogo [expediente também usado nos dois 11 Homens e um segredo e 12 Homens e outro segredo, só que aí apenas a trilha é legal]; e em comum com Kitano o humor mais do que negro.

Desnecessário dizer que nenhum dos filmes é indicado para menores de 16 anos, néãm?