quinta-feira, junho 03, 2004

Leãozinho

Existem ditos populares que ninguém imagina de onde vieram. Mário Prata colocou a imaginação para funcionar em "Mas Será O Benedito?", dando novos significados às expressões mais conhecidas da Língua Portuguesa -- e nem imagina que esta coluna descobriu a origem de:

Senta Que o Leão É Manso

"O circo chegou! O circo chegou!" Qual é a pessoa, seja criança ou adulto, que não se lembre de momentos maravilhosos no circo? Acompanhar desde a chegada dos caminhões à cidade, a montagem da tenda, ficar espiando o movimento e especialmente as jaulas dos animais.

Na década de 70 um circo marcou a história de Pompéia. Ele permaneceu muito tempo onde hoje é a residência de Primo Stefanuto, tanto que as crianças do circo e as da cidade ficaram muito amigas. Eram pessoas simples e de boa índole.

Naquela época as coisas eram difíceis e o dono do circo usava uma tática promocional que é usada até hoje: parcerias com as lojas, que distribuíam os ingressos e ganhavam propaganda grátis na abertura dos shows. Os funcionários da loja podiam sentar nas cadeiras, mas uma vez alguns deles ficaram ressabiados com a pouca segurança do circo:

- Ih, aqui tão perto do palco?! Tá louco! Eu vou é lá pra trás, vou lá no "pulêro" mesmo.

O tal do "pulêro", a arquibancada, era feita de tábuas de madeira cheias de farpas que sujava a roupa de quem sentava ali, mas "o quê? Melhor sujar do que ficar tão perto dos bichos." As tábuas se encaixavam em armações de ferro e na emenda (que era fixada por presilhas também de metal) era um lugar que ninguém gostava de sentar. Porém, como o circo estava lotado, o jeito foi se acomodarem onde dava.

O show estava sendo um sucesso e logo chegou o momento máximo: a apresentação das feras. Os leões faziam acrobacias, dançavam, davam piruetas, mas numa hora um deles escapou do adestrador, colocando a multidão que assistia o espetáculo em pânico. Foi um deus-nos-acuda, todo mundo saiu correndo pra subir na arquibancada e escapar do bicho, menos uma moça, funcionária da loja, que estava sentada num dos poleiros mais baixos justo na emenda. Quando os outros colegas se levantaram correndo, a emenda (que tinha se aberto com o peso) cedeu, prendendo a saia e não deixando que ela saísse dali. Apavorada, sem querer que os outros percebessem a situação vexatória em que se encontrava, gritava:

- Senta que o leão é manso! Senta que o leão é manso!

Coitado, não era manso, era tão mal-alimentado que nem força pra atacar o público ele tinha. Mas isso eles só descobriram depois, quando os próprios espectadores conseguiram prender o bicho e se divertiram muito com a cara de susto que a moça fez. Este é mais um causo que, com certeza, ainda será contado por muito tempo e divertindo muita gente.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Naomi, o velho Pasquim contava uma outra versão para essa anedota, um pouco mais picante. Era um rapaz quem dizia a frase, também porque algo seu havia ficado preso nas tábuas. Mas não era saia, nem somente a calça que ele usava...

23 de janeiro de 2008 às 19:29  

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