domingo, outubro 19, 2003

Experiencias Oniricas Esdruxulas - Parte III

Dos sonhos recorrentes este é o único que acho que sei o que quer dizer.

Desco os degraus da saída de professores do Santo Seno, atravesso o quarteirão inteiro enquanto balões voam da parte de trás do muro do colégio e pousam à minha frente, verdes e lilás, até chegar à esquina. Pra direita fica a padaria com o melhor pão doce de goiabada que comi na vida. Em frente o bazar Tambiú, o tipo de bazar que tinha de tudo e não existe mais. E à esquerda, descendo a ladeira, a casa verde.

Sempre desço a rua e entro na casa verde, que tem duas colunas jônicas separando o arco entre as salas. Desta vez o arco está fechado com uma grade de concreto e a porta que dá acesso ao resto da casa é um exercício de incompetência engenheirística que abre num ângulo de 90º com a porta da rua e faz as folhas baterem uma na outra. O chão está raspado e há terra vermelha por baixo - o que é impossível porque essa casa tem porão.

Não entro por essa porta, volto para a primeira sala - que se transformou num consultório dentário mas com equipamentos de manicure.

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Dadas as circunstâncias concluo que:

- dois anos é bastante tempo para não ir ao dentista;
- não posso esquecer que a manicure está marcada para as 7h00 de sábado;
- festa é festa;
- gosto de coisas feitas com goiabada mais do que com creme.

Eu sempre me perguntei porquê o seno era mais importante que a tangente ou a hipotenusa até descobrir que Seno era o sobrenome duma família e Santo o nome do rapaz. As desilusões da infância, ó céus...