segunda-feira, fevereiro 17, 2003

No sábado [15] o SBT reprisou o filme O que terá acontecido a Baby Jane? [What Ever Happened to Baby Jane?, 1962]. Não consegui rever até o final e me arrependo de não ter colocado para gravar... Mesmo dublado e com intervalos comerciais vale a pena.

Duas das melhores mulheres más de Hollywood se enfrentando não é todo dia que se vê – e, para aumentar ainda mais o clima de tensão, consta que Bette Davis e Joan Crawford detestavam-se mutuamente na vida real.

Num site de resenhas escreveram que “basicamente é a história de uma louca tomando conta de uma paralítica”. Decerto esta pessoa valeu-se de toda a sua capacidade analítica para resumir em uma frase um filme que não é nada disso. Ou então apenas não quis estragar a surpresa do final...
;o)

“Basicamente” faltou mencionar a teia de acontecimentos que levaram à paralisia de Blanche Hudson [Joan Crawford] iniciada na infância de sua irmã Jane Hudson [Bette Davis], uma dessas crianças-prodígio que cantam, dançam, sapateiam [os pais daquelas crianças que aparecem no Gente Inocente, Gugu e outras coisas bem que poderiam assistir esse filme...], passa pela carreira de sucesso de Blanche como atriz enquanto Jane vira alcoólatra e termina... Ups. Quase conto como termina.

E “basicamente” Baby Jane não é louca – é mesquinha, vingativa, amargurada, cruel, perversa, alcoólatra, não louca. E o filme escapa da dualidade boazinha x malvada. O fato de que Baby Jane seja tudo aquilo não significa que automaticamente Blanche seja a pobrezinha. Mesmo o filme sendo preto e branco as pessoas são cinza... Todos os tons de cinza.